Sabe aquele filme que não tem lógica nenhuma, mas que, para você, faz todo o sentido, mesmo naquelas cenas absurdamente obscuras? Ou daquele personagem totalmente sem noção que causa a maior empatia? Ou daquela cena mórbida que por algum motivo te faz rir e querer ver de novo milhões e milhões de vezes o mesmo filme? Pois é exatamente isso que nos vêm à cabeça quando pensamos na associação entre o diretor Tim Burton e o ator Johnny Depp.


Timothy William Burton desde sempre foi "diferente" das outras pessoas. Quando era criança nada de curtir contos de fadas com finais felizes, ele preferia criar suas próprias histórias de terror. Iniciou sua carreira como simples (aprendiz de) animador da Disney. Realizou filmes de grande sucesso como Os Fantasmas se Divertem (1988) e Batman (1989, sim, não é O Cavaleiro das Trevas). No ápice de sua carreira, concretizou um projeto independente, que deu início a sua (mais que incrível) parceria com Depp, Edward Mãos-de-Tesoura (1990). Mesmo com enredos sombrios, Burton conquistou espaço para criar as bases de um dos seus filmes mais conhecidos: O Estranho Mundo de Jack. Seus próximos filmes não tiveram grande repercussão, até que retomou seu trabalho com Depp em Ed Wood (1994). Com isso, ele percebeu a mágica que estava rolando entre os dois e Johnny se tornou indispensável em seus futuros trabalhos, que possuem uma indistinguível temática sombria. É casado com a atriz Helena Bonham Carter (ela é a Belatriz Lestrange da série Harry Potter).

John Christopher Depp II nem sempre quis ser um ator. Na verdade, quando adolescente, ele queria mesmo era ser um astro do rock. Ao se mudar para Los Angeles, casou-se com uma maquiadora de Hollywood que acabou apresentando-o para Nicolas Cage, que abriu as portas para a sua carreira cinematográfica, conseguindo um teste para o seu primeiro filme, A Hora do Pesadelo. Logo se destacou no mundo artístico, tornando-se um símbolo sexual juvenil. Mas Depp não gostava muito dessa fama, queria ser reconhecido por seu talento e não por sua aparência, e por isso recusou diversos papéis. Após a sua primeira parceria com Tim Burton, em Edward Mãos-de-Tesoura, finalmente ele conseguiu se livrar da fama de "rostinho bonito" e começou a ser mais respeitado como ator. Sua facilidade para representar personagens excêntricos e marginalizados é incrível. Daí, o resto é história... Burton e Depp são inseparáveis. Além dos trabalhos com Burton, fez outros filmes de sucesso como Em Busca da Terra do Nunca, O Turista e a queridíssima quadrilogia dos Piratas do Caribe (responsável por imortalizar o pirata Jack Sparrow).


Os filmes da parceria Johnny Depp e Tim Burton são sempre esperados por todos, nós ficamos contando os dias para a estréia de cada novo filme, às vezes chegamos a irritar as pessoas de tanto alvoroço... com tantos personagens excêntricos e intrigantes, os filmes de tal associação encantam ao público e divertem gerações. Mesmo aquelas pessoas que não gostam muito de cinema se maravilham com a visão de Burton e a interpretação de Depp.

Definitivamente, os 7 filmes resultantes dessa amizade, são um grande presente não só para o público, como também para a arte cinematográfica. Confira um pouco deles.


1 - Edward Mãos-de-Tesoura (1990).
Tudo começa quando uma simpática vendedora de cosméticos, frustrada pelas péssimas vendas, decide ir a um sinistro castelo arranjar alguns clientes e lá encontra Edward, um rapaz abandonado que, ao invés de mãos, possui tesouras. Ela, então, o tira do castelo e apresenta a ele o seu mundo, o mundo das pessoas "comuns". Mas, como todas as diferenças são vistas com maus olhos pela sociedade, Edward terá problemas para se adaptar. É um filme com uma linda história de amor e um ótimo mito sobre a origem da neve. Burton cria uma espécie de Frankenstein moderno e aborda o preconceito de forma moralizante. A trilha sonora é assinada por Danny Elfman (o criador da música-tema d'Os Simpsons). É considerado o melhor de todos os filmes dirigidos por Burton.
2- Ed Wood (1994).
É um filme auto-biográfico, gravado totalmente em preto-e-branco. Narra a história de Edward Davis Wood Jr., o Ed Wood, conhecido por ser o pior diretor de cinema de todos os tempos. Apaixonado pela atuação de Bela Lugosi (o clássico Drácula do cinema) e adepto ao travestismo, as desventuras de Ed são, no mínimo, divertidas. Mesmo com um ótimo elenco, o filme não teve grande repercussão.


3- A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999).
Em um clima totalmente gótico, é recontada a famosa lenda do cavaleiro sem cabeça. Em uns Estados Unidos do final do século XVIII, o cético investigador Ichabod Crane foi mandado de Nova Iorque para o pequeno condado de Sleepy Hollow para investigar uma série de estranhos assassinatos. Os moradores afirmam que o autor das mortes é o temível Cavaleiro sem Cabeça, mas como um homem da ciência, Ichabod recusa-se a acreditar nisso e passa a investigar. Hospedado na casa dos Van Tassel, ele terá que repensar em tudo no que acreditava. Numa áurea de muito suspense, misticismo e terror, o filme é instigante, amedrontador e divertido, apresenta claramente uma crítica ao cientificismo dessa época e tem a participação da ilustre Christina Ricci.

4- A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005).
Segunda versão da obra homônima de Roald Dahl adaptada para os cinemas. Burton nos apresenta um Willy Wonka excêntrico e dançante, baseado no eterno Michael Jackson. Willy, depois de muitos anos isolado,
decide receber em sua fábrica cinco visitantes, que para ganharem tal honra, precisam achar um dos bilhetes dourados escondidos nas barras de chocolate que estão à venda ao redor do mundo. Cada visitante poderá levar um acompanhante e um deles ganhará um prêmio no final da visita. Charlie, o protagonista, é um garoto pobre que tem a sorte de achar um dos bilhetes para visitar a fábrica. No final, a vida de Charlie muda drasticamente graças ao Sr. Wonka. É um filme divertidíssimo e, ao contrário dos anteriores, bem colorido. Com ótimas músicas originais, a trilha é assinada por Elfman. Helena Bonham Carter interpreta a mãe de Charlie.

5- A Noiva Cadáver (2005).
Baseado num antigo conto, é o único dos filmes em que Depp não aparece realmente, pois se trata de uma animação. Mas ele dá voz ao personagem principal, Victor Van Dort, o qual foi baseado em sua aparência. Por engano, Victor acaba pedindo a mão de uma noiva falecida, Emily, em casamento e, por isso, vai parar no mundo dos mortos. Se trata de uma história de amor funérea e divertida. Tem grande influência de O Estranho Mundo de Jack e Os Fantasmas se Divertem, a grande inovação do filme é a representação funérea do Mundo dos Vivos e a alegria festiva do Mundo dos Mortos. É uma crítica aos interesses capitalistas da sociedades burguesa e uma defesa aos eternos românticos. A voz da Noiva Cadáver é de ninguém menos que Helena.

6- Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007).
Um musical de aparência sombria. Conta a história de um barbeiro atormentado, Benjamin Barker, que retorna a Londres com o desejo de vingança. Uma vez que, a muitos anos, um juiz corrupto o mandou para o exílio, na Austrália, para assim poder roubar sua mulher, e a única forma que ele encontrou para se vingar foi abrindo uma barbearia e criando uma situação para atrair o juiz e completar sua vingança. De volta a Londres, ele conhece a Sra. Lovett - uma vendedora de tortas (ruins) com problemas financeiros - e juntos tentam resolver os seus problemas. Ele passa a matar os seus clientes e ela usa, como forma de esconder os corpos, a carne deles como recheio de suas tortas (que passam a ser bem melhores e mais vendidas). Com surpresas e um banho de sangue garantido no final. A Sra. Lovett é interpretada por Bonham Carter. Johnny foi indicado ao Oscar de melhor ator por sua atuação neste filme.

7- Alice no País das Maravilhas (2010).
Mais uma adaptação dos livros Alice no País das Maravilhas e Alice através do Espelho, de Lewis Carroll. Foi o primeiro filme da dupla a ser gravado em 3D. Dessa vez, a história vai narrar a volta de Alice (agora adulta) ao estupendo País das Maravilhas. Na sua festa de noivado, ela vê o Coelho Branco e o segue até o subterrâneo, e lá reencontra os habitantes do País das Maravilhas. Eles pedem a ajuda de Alice, pois a sua terra foi dominada pela terrível Rainha Vermelha e está profetizado que apenas ela pode derrotá-la. Alice, porém, não se lembra de nada da sua primeira visita a esse reino fantástico. Ela precisa, então, descobrir o seu verdadeiro eu, salvar o Chapeleiro Louco, derrotar o maligno Jaguadarte e devolver o trono à bondosa Rainha Branca. Depois de ver o filme, você não vai mais conseguir parar de ver a Lua como um Gato Risonho. Depp faz o Chapeleiro, Helena a Rainha Vermelha e Anne Hathaway a Rainha Branca. A música-tema é Alice, feita por Avril Lavigne especialmente para o filme.

Texto escrito em conjunto por Dr. Sheldon Cooper e Violet Baudelaire.